Mistérios da arqueologia, a função das muralhas

 

As muralhas dos povoados de altitude da Idade do Bronze, como a que circunda o Outeiro do Circo, em Beja, foram durante muito tempo interpretadas como muralhas defensivas para proteger os povoados de invasores, a ausência de sinais de conflito na vasta maioria dos povoados ‘’fortificados’’ em conjunto com a dimensão destas muralhas, geralmente têm menos de um metro levantam questões quanto à sua função original.


 Estes muros, frequentemente elaborados sistemas de muralhas, rampas seguidas de outras linhas de muralha e fossas, parecem não ter contribuído diretamente para a defensibilidade do local. No caso do Outeiro do Circo, a muralha cerca o topo do povoado, mas sua disposição e a baixa estatura dos muros, bem como as fossas que facilmente seriam ultrapassadas e não põem ninguém em risco, sugerem que a função das muralhas poderia ter sido simbólica ou social, e não militar.




É possível que essas muralhas tenham atuado como delimitadores territoriais ou como elementos de prestígio e identidade coletiva, a sua função seria então limitar a área habitada e conferir ao povoado uma imponência que afirmasse seu estatuto e organização social. Assim, mais do que barreiras contra invasores, poderiam representar um marco visual e cerimonial, separando o espaço dos vivos e da comunidade das terras ao redor, talvez também refletindo hierarquias internas e a coesão de um grupo.

Parece que esta é a interpretação mais aceite hoje em dia, é porém mesmo assim uma interpretação com falhas, porque gastar tantos recursos e tanta mão de obra para uma muralha simbólica? Quando um arqueólogo não sabe a função de algo diz que é ritual, parece sempre ser uma boa explicação para qualquer fenómeno inexplicável 

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