Tesouro de Chão de lamas

 

O Tesouro encontrado em chão de lamas, uma aldeia próxima de Coimbra, foi datado aos seculos I ou II antes de cristo, há poucas informações sobre o achado mas terá surgido durante trabalhos agrícolas nas proximidades de chão de lamas

 


O ‘’tesouro’’ trata-se de um conjunto de peças de prata, possivelmente de fabrico indígena lusitano, são seis fascinantes objetos: um colar (torque) completo; um fragmento de outro; duas lunelas ou peitorais, uma de prata batida ou fundida; dois vasos lavrados e um umbo ou umbigo de escudo de guerra ou seja o seu ornamento central com ornatos de ouro ou de prata muito dourada.

 


As peças são dos mais sofisticados exemplos de arte e ourivesaria indígena, tão sofisticados que geram algumas questões, parece que os 6 artefactos que compõem este tesouro não se enquadram em nenhuma tipologia conhecida daquela época, são peças completamente únicas

 

Isto pode significar que foram encomendadas a um artesão talentoso estrangeiro, ou talvez uma prenda? Entrando num campo completamente hipotético, sabemos que os cartagineses frequentemente contratavam mercenários lusitanos, poderão estas peças fazer parte de algum tipo de acordo com Cartago ou outra qualquer civilização onde a produção destas peças fosse mais provável?

A arte nas peças, nomeadamente na lúnula, é inconfundivelmente indígena, a lúnula foi interpretada como um cenário de sacrifício, parece mostrar a oferenda de porcos a uma figura representada por uma cabeça, nas extremidades parecem estar representadas duas cabeças de cobra estilizadas, esta decoração das extremidades seria algo comum na época, claro que a interpretação é subjetiva e há elementos representados na lúnula que não sabemos interpretar

 


A presença de trísceles e outros elementos de arte típicos de culturas célticas de la tène podem no entanto indicar-nos um pouco mais acerca de quem eram os lusitanos, as fontes clássicas não concordam sempre acerca de quem eram os lusitanos, uns dizem que eram celtas outros afirmam que não, atualmente parece que a visão mais aceite é a que seriam povos indígenas, etnicamente falando, mas que falariam uma língua semelhante ás línguas célticas e em termos culturais poderiam ser interpretados como tal, as peças deste tesouro são das poucas da região centro de Portugal (onde viveriam os lusitanos) que possuem realmente arte celta, e parecem apoiar esta interpretação, apresentam a tríscele céltica, mas mantêm um caracter único na sua arte, parecem representar exatamente a mistura do mundo da idade do bronze com as novas influencias célticas

 

Infelizmente este tesouro e importantissima obra de arte indigena portuguesa foi vendida pelo achador, desapareceu por uns tempos e foi novamente encontrada no museu arqueologico nacional de madrid, onde está até hoje


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